domingo, 12 de junho de 2011

Um outro café da manhã

Cheiro de café, carros passando na rua e eu lá, sozinha em pleno dia dos namorados acompanhada de uma xícara quente.
Dos dias mais terríveis de minha vida, esse não era um deles. Apesar da solterisse, o meu simples sonho de encontrar um moreno bonito, alto, que dançasse bem, ouvisse Legião, jogasse futebol, gostasse de cozinhar  e curtisse Shakespeare não me incomodava tanto comparado à época em que entrava na adolescência. Irônico, não?
Mas, num súbito encanto, encontrei um sorriso conhecido. Uhul! Companhia!
Meu melhor amigo se dirigia até mim com aquela cara de moleque travesso. Ele vai aprontar alguma, sempre apronta!
Uns bom dias e tudo começou, as risadas eram sinceras e os assuntos percorriam o café, nunca encontrara alegria tão verdadeira um uma simples manhã no dia 12 de junho.
Aos poucos tudo se tornou silêncio e comecei a perceber que aquele menino que puxava meu cabelo nas aulas de geografia só para pedir cola já não era mais o mesmo. Ele havia crescido e se tornado alguém imprescindível em minha vida.
Os sorrisos continuaram e as lembranças da velha infância voltavam a nos alegrar.
- Você era uma pirralha. Admita!
- Eu? Que isso?! Eu era uma menina tão delicada...
- Claro: delicadamente irritante!
- Bobo. Lembrasse que quem aterrorizava a minha vida era você?
- É, tudo bem, mas, acredite, eu tinha motivos.
- Ah é? Então diga.
E o silêncio se instalou. Ele não disse mais nada, apenas um sorriso moldava-lhe o rosto. Um sorriso que em todos aqueles anos eu ainda não conhecia.
- Bom, me faz um favor? Peça pro rapaz me trazer mais um cappuccino?
Uma demora fugaz o trouxe com o pedido na mão. Ele pôs sobre a mesa e eu sorri.
Foi quando segurei a alça da xícara e um "eu te amo" de chocolate borrado escrito em espuma  me surpreendeu.
Fiquei olhando o cappuccino com um sorriso notável, jamais esperava surpresa tão simples, tão imprevista e tão linda.
- Era esse o motivo. - Ele disse.
Não gostava de Shakespeare nem sabia dançar, mas ele conseguia me roubar os sorrisos mais sinceros. Ele me fazia feliz.
Tudo que eu precisava estava o tempo todo atrás de mim, puxando-me o cabelo e me chamando de pirralha. São tantas as ironias.
Fechei os olhos e decidi não ver mais nada, apenas senti o doce toque de um beijo que pareceu-me durar a eternidade.

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