sexta-feira, 24 de junho de 2011

Frio, fogueira e bandeirinhas.

Camisa xadrez, maria-chiquinhas e uma disposição de dar inveja. Não que eu realmente estava interessada em participar da folia de junho mas isso era um acontecimento na cidade pequena e com certeza ele estaria lá e isso, pra mim, bastava.
Com um sorriso espontâneo (e com todos os dentes) percorria o caminho até a festa planejando o momento certo para confessar sobre aquela coisa dentro de mim que me tirava o sono. Será que ele entenderia? A expectativa era grande, e a esperança também.
Lá eu cheguei e as bandeirinhas pareciam dar-me boas-vindas. Eu estava piamente confiante de que aquela noite seria como eu sonhava.
Passeando entre as barraquinhas de jogos e comidas, vi o correio elegante. Uma moça com um coração desenhado no rosto e um sorriso simpático o carregava. Uma carta, claro! Mas não seria algo muito piegas e um tanto bobo...? Deixei as especulações de lado. É muito mais fácil colocar sentimentos em um papel do que em uma pessoa, pelo menos o papel não te encara nem te magoa.
E escrevi. Depositei naquele micro confessionário tudo que me perturbava durante anos. Coloquei na cestinha adornada de flores e pedi a Santo Antonio, a Deus, a Buda, a Alá e a quem mais pudesse atender que desse tudo certo.
A festa continuava alegre e a quadrilha fazia a noite cada vez mais divertida. Tudo tão colorido, tão feliz e tão perfeito... Tudo cooperava para me trazer bons pressentimentos.
Foi no fim do casamento que os bilhetes foram entregues. Eu não recebi nenhum, mas esse não era meu objetivo.
Quando vi ele abrindo o recado senti minhas mãos tremerem. E então aconteceu.
Ele leu a carta em voz alta e começou a rir com os amigos. Todos olhavam pra mim como se eu fosse a criatura mais ridícula da terra, como se em meu rosto estivesse escrito IDIOTA em letras garrafais. Nunca me senti tão pequena, tão insignificante e tão humilhada. O mundo com o qual eu sonhava acabava de desmoronar em minhas costas.
Saí correndo. Fugi apenas com a companhia de minhas lágrimas. O sonho havia se tornado o pior dos pesadelos e o meu coração... Ah, sim, meu coração... Bom, ele estava praticamente fragmentado.
Ergui os olhos ao céu e me perguntei por que tinha de ser assim. Por que não podia acabar com um final feliz como num conto de fadas?
Não houve resposta. Apenas o sopro do vento frio daquela noite de junho veio me consolar.

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